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Reprodução Assistida na atualidade

Muito se fala nos dias de hoje do aumento dos casos de Infertilidade Conjugal, afinal ao que isso se deve?
Se pensarmos nas mudanças sociais e econômicas do mundo, percebemos que na época de nossas mães e avós, as mulheres casavam e tinham seu primeiro filho mais jovens que atualmente. Hoje em dia a mulher conquistou um espaço na sociedade que se tornou essencial até para os homens, com a exigência do mercado de trabalho é necessário cada vez mais níveis diferenciados de especialização e isso requer mais anos de estudo postergando o casamento e a maternidade para depois dos 30 anos.

O que muda na vida da mulher moderna? O stress, o maior tempo de exposição a possíveis doenças ginecológicas como infecções genitais, endometriose, maior número de parceiros ao longo do tempo, e a diminuição da reserva ovariana.

E na vida do homem, quais as mudanças? Stress, maior responsabilidade e competitividade, maior tempo de exposição a doenças e consequentemente alterações em sua fertilidade.

Mas qual a definição de Infertilidade? De acordo com a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva refere-se a ausência de gravidez após um ano de relações sexuais sem o uso de qualquer método contraceptivo.

Sabe-se hoje que as causas de infertilidade se equalizam em causas de origem feminina e masculina e muitas vezes estas coexistem.

A principal causa de Infertilidade  masculina é a Varicocele (15% da população), mas a idade acima de 55 anos, o uso de algumas medicações como finasterida, antidepressivos, quimioterápicos, hormônios anabolizantes e inibidores dos canais de cálcio também contribuem para a queda da fertilidade. Doenças crônicas como Diabetes, Hipertensão, doenças genéticas como Fibrose cística, microdeleção do cromossomo Y e klinefelter também podem estar associados a infertilidade.

A principal causa de Infertilidade Feminina é de origem tubo peritoneal, ou seja, obstrução tubárea por aderências ou doença inflamatória pélvica e Endometriose. Além disso, a idade é o fator prognóstico mais importante para gravidez – a partir dos 35 anos acentua-se a diminuição da reserva ovariana e a perda da qualidade oocitária. A Síndrome dos ovários policísticos é a causa mais frequente de perda da fertilidade de origem ovariana.

Devemos lembrar que tanto em homens quanto em mulheres os fatores ambientais também são importantes na gênese da Infertilidade como o tabagismo, alcoolismo, radiação, trabalhos em que se manuseiam metais pesados, entre outros.

Existe também o que chamamos de Infertilidade sem causa aparente, ou seja, após toda investigação do casal para diagnóstico da causa do problema não achamos nada que justifique a dificuldade de gravidez.

Frente a queixa de dificuldade de obter gravidez é necessário os seguintes exames para a mulher: dosagens hormonais (FSH, LH, E2, TSH, T4L e progesterona), Ultrassom transvaginal (avaliar reserva ovariana) , histerossalpingografia (avalia a perviedade tubárea) e anamnese bem feita. Para o homem é necessário o Espermograma, além de uma anamnese bem feita.

Tratamentos

A indicação de cada tipo de tratamento é individualizada para cada casal de acordo com o fatores existentes. Os tratamentos são divididos em baixa complexidade e alta complexidade, sendo de baixa complexidade:

Indução da Ovulação com Coito Programado

Consiste no uso de medicações que induzem o crescimento folicular e consequentemente a ovulção. O tratamento é acompanhado com ultrassonografias endovaginais seriadas para detecção do período provável da ovulação e assim orientar o coito ao casal. A medicação utilizada pode ser o Citrato de Clomifeno ou FSH recombinante e pode ou não ser utilizado o HCG exógeno para deflagrar a ovulação.

Inseminação Intra Uterina

A indução da ovulação também é realizada, aqui usando o FSH recombinante e o HCG para deflagrar a ovulação. Quando isto ocorre, coloca-se o esperma do parceiro processado em laboratório dentro do útero da mulher por meio de um cateter.

Os tratamentos de alta complexidade são:

Fertilização in vitro (FIV)

Consiste em fertilizar o óvulo com o espermatozóide em laboratório. Para isto é realizada a indução da ovulação com a captação dos  óvulos guiada por ultrassom  e posterior fertilização com o esperma do parceiro, que é colhido por meio de masturbação. Existem 2 tipos de FIV : a Convencional descrita acima e a Injeção Intra citoplasmática de espermatozóide que seleciona um espermatozóide do ejaculado que é utilizado para fertilizar o óvulo.

Câncer e Fertilidade

Pacientes com câncer e aqueles submetidos a quimioterapia e radioterapia local tem sua fertilidade reduzida e muitas vezes perdida pelo tratamento. Com o advento das novas técnicas de Reprodução Assistida, hoje é possível “congelar” as células reprodutivas (óvulos, espermatozóides e tecido ovariano) deste paciente, desde que realizado antes do tratamento quimioterápico, dando a possibilidade de, no futuro, este paciente vir a ter filhos.

Esta informação é de suma importância para nós médicos que muitas vezes não pensamos no futuro reprodutivo deste paciente já que o câncer determina um tratamento imediato. É possivel adiar em algumas semanas o início do tratamento de alguns tipos de câncer para preparar este paciente e coletar as células a serem “congeladas”.

 

Fonte: Saúde em Pauta:

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Dra. Juliana Amato

Dra. Juliana Amato

Líder da equipe de Reprodução Humana do Fertilidade.org Médica Colaboradora de Infertilidade e Reprodução Humana pela USP (Universidade de São Paulo). Pós-graduado Lato Sensu em “Infertilidade Conjugal e Reprodução Assistida” pela Faculdade Nossa Cidade e Projeto Alfa. Master em Infertilidade Conjugal e Reprodução Assistida pela Sociedade Paulista de Medicina Reprodutiva. Titulo de especialista pela FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e APM (Associação Paulista de Medicina).

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