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Entrevista sobre Endometriose na rádio

A endometriose é uma doença que afeta milhões de mulheres no Brasil, sendo caracterizada pela presença do endométrio fora da cavidade uterina. Seus sintomas incluem cólica menstrual intensa, dor na relação sexual, alterações intestinais e problemas na bexiga e vias urinárias. Mulheres com mães portadoras de endometriose têm maior predisposição à doença, que é mais comum em mulheres entre 30 e 35 anos.

O melhor tratamento é a supressão da endometriose, suspendendo a menstruação. A cirurgia pode ser indicada em casos avançados ou quando a doença atinge órgãos como a bexiga e intestino. A endometriose pode causar infertilidade, dependendo do grau da doença, e o tratamento varia de indução da ovulação à fertilização in vitro. É importante que as mulheres cuidem de sua saúde, visitando o ginecologista anualmente, pois o diagnóstico precoce é crucial para o tratamento adequado da endometriose.

Você sabe qual é a doença que mais atinge a população feminina? É a endometriose. Cerca de sete a dez milhões de mulheres sofrem desta patologia no Brasil. Para falar sobre o assunto, convidamos a ginecologista especializada em reprodução assistida, doutora Juliana Amato.

Para começar a nossa entrevista, o que é a endometriose? Boa tarde, seja muito bem-vinda.

Obrigado, boa tarde. A endometriose é uma doença da mulher moderna. É a presença do endométrio, que é o tecido que reveste internamente o útero, e esse tecido se apresenta fora da cavidade uterina, causando vários sintomas.

Quais são esses sintomas, doutora Juliana?

Esses sintomas variam um pouco, mas o principal é a cólica menstrual. É uma dor que varia de leve a forte, dependendo do grau da endometriose. Além disso, pode causar dor na relação sexual, alterações no intestino durante a menstruação, como diarreia ou intestino preso, sangramento anal, alterações na bexiga e nas vias urinárias. Pode ser percebido como aumento do número de vezes para ir ao banheiro, dor ao urinar e sangramento na urina. A cólica menstrual é muito comum na menstruação e ela pode começar até quatro dias antes da menstruação aparecer. É uma dor crônica e cíclica.

Mas toda mulher que tem cólica menstrual mais intensa pode desenvolver uma endometriose?

A cólica existe normalmente em mulheres. Cada mulher tem um limiar de dor no período menstrual. Aquelas que têm um limiar baixo de dor sentem mais as cólicas e não necessariamente têm endometriose. A indicação é que a mulher que tem cólica converse com seu médico, e se for necessário, ele faça uma pesquisa de endometriose.

Essa doença é hereditária?

Não é uma doença hereditária, mas mulheres que têm mães com endometriose têm maior chance de ter endometriose também. Não é exatamente hereditária, mas há uma predisposição.

Existe uma faixa etária onde a possibilidade de desenvolver endometriose é maior?

Sim, são mulheres entre 30 e 35 anos, com uma vida agitada, modernas, que pretendem ter filhos mais tarde e que são magras. Esse é o perfil da mulher que desenvolve endometriose.

Doutora Juliana, as chances de desencadeamento de endometriose diminuem com a chegada da menopausa?

Sim, como a endometriose é uma doença da mulher jovem, da mulher ativa, que está com seus ciclos menstruais em dia, com a chegada da menopausa, há a diminuição da endometriose. Como não existe mais a menstruação, esse tecido de dentro do útero não tem mais a regurgitação pela trompa e não causa mais endometriose.

Qual é o melhor tratamento para a endometriose? Em quais circunstâncias a cirurgia no caso é indicada?

O melhor tratamento para a endometriose é a supressão da mesma. Como é uma doença que cresce com o ciclo menstrual, com as alterações hormonais, se suspende a menstruação. Teoricamente, a endometriose não cresce mais. A cirurgia será indicada quando a endometriose estiver muito avançada, em casos de mulheres que não conseguem engravidar, quando a endometriose atinge a bexiga, intestino, causando alterações nesses órgãos.

O medo de muitas mulheres é a infertilidade. Essa doença pode causar infertilidade? Quais são os riscos disso acontecer? Após o tratamento, quais as chances da mulher engravidar?

Depende muito do grau da endometriose. Com endometriose leve, as chances de engravidar são maiores. Agora, quando a endometriose é de média a avançada, existem alterações inflamatórias no organismo que impedem o embrião de se fixar no útero. Além disso, pode causar obstruções nas trompas e consequentemente a infertilidade. Cada caso é único e deve ser avaliado pelo médico, que pode sugerir apenas uma indução da ovulação ou até mesmo uma fertilização in vitro.

Doutora Juliana Amato, muito obrigada pela sua participação no programa. Gostaria de deixar alguma mensagem para as nossas ouvintes neste Dia Internacional da Mulher?

Sim. As mulheres hoje em dia devem pensar muito em si mesmas e cuidar de sua saúde. Ir ao ginecologista anualmente é muito importante, pois as doenças femininas estão aí. Sei que é difícil parar e ir ao médico, principalmente para quem tem filhos e trabalha o dia inteiro, mas o diagnóstico precoce é o melhor tratamento para a endometriose. Tenham uma boa tarde e obrigada.

Conversamos com a doutora Juliana Amato, ginecologista especializada em reprodução assistida, falando hoje sobre a endometriose. Dúvidas sobre o assunto ou sugestões de temas podem ser enviadas para o telefone (21) 22 16 7 940.

Dra. Juliana Amato

Dra. Juliana Amato

Líder da equipe de Reprodução Humana do Fertilidade.org Médica Colaboradora de Infertilidade e Reprodução Humana pela USP (Universidade de São Paulo). Pós-graduado Lato Sensu em “Infertilidade Conjugal e Reprodução Assistida” pela Faculdade Nossa Cidade e Projeto Alfa. Master em Infertilidade Conjugal e Reprodução Assistida pela Sociedade Paulista de Medicina Reprodutiva. Titulo de especialista pela FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e APM (Associação Paulista de Medicina).

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