O que mudou para gestantes em 2025
A boa notícia é que aprendemos muito desde o início da pandemia, e isso se traduz em maior segurança para quem está grávida hoje. A frase que guia este conteúdo é simples: covid gravidez merece atenção redobrada, mas sem alarmismo. Com novas variantes circulando de forma sazonal, vacinas atualizadas e protocolos de cuidado bem definidos, o cenário é mais previsível e o risco pode ser bem administrado com informação e acompanhamento.
Gestantes continuam oficialmente no grupo de risco, sobretudo no terceiro trimestre e quando existem condições como hipertensão, diabetes, obesidade ou asma. A maioria dos casos, no entanto, segue sendo leve a moderada e não requer internação. O foco em 2025 é prevenir complicações, identificar sinais de alerta cedo e garantir um pré-natal que antecipe necessidades, incluindo exame e monitorização do bebê quando indicado.
Riscos por trimestre na covid gravidez
A evolução da infecção durante a gestação depende do trimestre e do perfil clínico materno. Em termos gerais, o último trimestre concentra a maior parte das complicações, como piora respiratória, necessidade de suporte de oxigênio e maior probabilidade de parto prematuro por indicação médica.
Primeiro e segundo trimestres: panorama e cuidados
Nos dois primeiros trimestres, a maioria das gestantes com COVID-19 apresenta quadros leves. Febre, coriza, dor de garganta, tosse seca e cansaço são mais comuns, e a evolução costuma ser benigna com medidas de suporte. A preocupação centra-se na hidratação adequada, controle da febre e manutenção da oxigenação.
– Atenções essenciais:
– Mantenha ingestão hídrica adequada e alimentação equilibrada.
– Use paracetamol para febre e dor, conforme orientação do obstetra.
– Descanse e monitore sintomas por 5 a 7 dias, período em que tendem a se intensificar ou melhorar.
– Em caso de fatores de risco (IMC elevado, hipertensão crônica, diabetes), discuta antivirais de uso precoce com sua equipe.
Há também interesse em avaliar, após a fase aguda, se houve qualquer impacto sobre o desenvolvimento fetal. Em casos sintomáticos moderados ou com fatores de risco, seu obstetra pode indicar ultrassom de crescimento e doppler em 3 a 4 semanas.
Terceiro trimestre: onde está a maior preocupação
No terceiro trimestre, o diafragma encontra-se mais alto, a reserva respiratória é menor e a demanda de oxigênio é maior, o que explica a maior gravidade observada nessa fase. Além disso, a inflamação sistêmica associada ao vírus pode precipitar hipertensão gestacional e aumentar o risco de parto prematuro.
– Sinais de alerta no terceiro trimestre:
– Falta de ar em repouso ou piora rápida do cansaço.
– Saturação de oxigênio menor que 95% ao repouso.
– Dores no peito, confusão mental ou sonolência exagerada.
– Diminuição dos movimentos fetais.
– Contrações regulares antes das 37 semanas.
Se houver necessidade de antecipar o parto por comprometimento materno, a equipe avalia maturidade fetal, condições obstétricas e, quando possível, utiliza corticoterapia para acelerar a maturidade pulmonar do bebê, equilibrando riscos e benefícios.
Prevenção inteligente: o que realmente funciona hoje
Prevenir continua sendo mais simples e eficaz do que tratar complicações. Em 2025, combinamos imunização atualizada, vigilância de sintomas e estratégias de redução de risco orientadas por contexto: intensificar proteção em ambientes fechados, períodos de aumento de casos e em consultas hospitalares.
Vacinas e reforços em 2025
Vacinas são a principal ferramenta para reduzir internações e desfechos graves em gestantes. As fórmulas atualizadas cobrem variantes circulantes e são recomendadas em qualquer trimestre. Se você está planejando gestar ou já está grávida, converse sobre o cronograma ideal.
– Dicas práticas sobre vacinação:
– Não adie o reforço por causa do trimestre; a proteção materna também protege o bebê indiretamente.
– Se teve COVID recentemente, o reforço costuma ser indicado após 3 meses, ajustado pelo obstetra conforme o risco individual.
– Reações leves (dor no braço, cansaço) são esperadas e não afetam o bebê.
Máscaras, higiene e ambientes: quando intensificar
Máscaras de alta filtragem (PFF2/N95) voltam a ser recomendadas em períodos de alta circulação viral ou em locais lotados e fechados. O hábito de higiene das mãos segue essencial, assim como preferir ambientes ventilados.
– Estratégias de prevenção no dia a dia:
– Use PFF2/N95 em consultas e exames em serviços de saúde movimentados.
– Reduza tempo de exposição em locais com aglomeração; prefira horários alternativos.
– Mantenha álcool 70% na bolsa para higiene das mãos após tocar superfícies compartilhadas.
– Evite contato próximo com pessoas sintomáticas, mesmo familiares.
Essas medidas, associadas à vacinação em dia, reduzem significativamente a chance de infecção e de evolução para formas graves na covid gravidez.
Sintomas, testagem e quando procurar ajuda
Reconhecer cedo os sinais e testar no momento certo acelera o tratamento e diminui complicações. Tenha um plano combinado com seu obstetra: quem contatar, onde testar e que sinais exigem ida imediata ao pronto atendimento.
Sintomas que pedem atenção imediata
Alguns sinais não devem esperar. Em gestantes, a margem de segurança é menor, e agir rápido pode evitar agravamentos para mãe e bebê.
– Procure atendimento urgente se houver:
– Falta de ar progressiva ou em repouso.
– Saturação de O2 menor que 95% em repouso (use um oxímetro, se possível).
– Dor torácica, confusão, lábios arroxeados.
– Febre alta persistente por mais de 48 horas apesar de antitérmico.
– Contrações regulares antes do termo, sangramento vaginal ou perda de líquido.
– Redução notável dos movimentos fetais.
– Sintomas comuns que podem ser manejados em casa com orientação:
– Dor de garganta, congestão nasal, tosse leve.
– Febre baixa, dores no corpo, cansaço.
– Perda de olfato/paladar sem comprometimento respiratório.
Testes: PCR, antígeno e o timing certo
A precisão dos testes depende do momento da coleta. Em 2025, o PCR (RT-PCR) ainda é o padrão ouro para confirmar a infecção. Indica-se a coleta a partir do terceiro dia de sintomas para reduzir falsos negativos. Testes de antígeno são úteis para triagem inicial e costumam positivar entre 24 e 48 horas após início dos sintomas em casos com maior carga viral.
– Como organizar a testagem:
– Dia 0: primeiro dia de sintomas.
– Dias 1–2: antígeno pode ser realizado; se negativo e sintomas persistirem, repita.
– Dia 3 em diante: PCR é preferível pela maior sensibilidade.
– Exposição sem sintomas: teste 3 a 5 dias após o contato; se negativo e mantiver assintomática, siga medidas de precaução por 10 dias.
Ao confirmar a infecção, avise seu obstetra no mesmo dia. Isso acelera decisões sobre terapias, como antivirais, e define a necessidade de monitorização materno-fetal adicional na covid gravidez.
Tratamentos seguros na gestação e plano de cuidados
A meta do tratamento é dupla: controlar sintomas maternos e manter boa perfusão e oxigenação para o feto. Em 2025, há consenso de que gestantes elegíveis se beneficiam de antivirais iniciados precocemente, além de cuidados de suporte e monitorização adequada.
O que é permitido e o que evitar
Há medicamentos seguros e outros que devem ser evitados em cada fase da gestação. Não se automedique; use esta lista como guia para conversar com seu obstetra.
– Permitidos/geralmente recomendados:
– Paracetamol para febre e dor, nas doses orientadas.
– Antivirais em candidatos elegíveis, especialmente nas primeiras 5 dias de sintomas, conforme avaliação médica.
– Anti-histamínicos de primeira linha para congestão/rinorreia (ex.: loratadina), se necessário.
– Soluções salinas nasais, mel e hidratação para tosse/irritação de garganta.
– Inalação com solução salina (sem corticoide) em caso de broncoespasmo leve, com orientação.
– Com cautela/avaliar riscos e benefícios:
– Corticoide sistêmico para pneumonia hipóxica moderada a grave, sob supervisão hospitalar.
– Anticoagulação profilática com heparina de baixo peso molecular em gestantes internadas ou com imobilidade prolongada e fatores de risco trombótico.
– Evitar salvo indicação específica:
– Anti-inflamatórios não esteroidais (especialmente no terceiro trimestre).
– Antitussígenos com codeína ou descongestionantes vasoconstritores sem avaliação médica.
– Antibióticos desnecessários (COVID é viral; antibiótico só se houver infecção bacteriana associada).
– Cuidados domiciliares essenciais:
– Hidratação vigorosa e alimentação fracionada.
– Repouso relativo e controle de febre.
– Monitorar saturação com oxímetro, se possível, 2 a 3 vezes ao dia.
– Dormir de lado (preferir decúbito lateral esquerdo) para otimizar retorno venoso e oxigenação.
Monitoramento fetal e pré-natal pós-infecção
Após a fase aguda, o acompanhamento do bebê ganha destaque. A depender da gravidade do quadro e do trimestre, seu obstetra pode ajustar o calendário do pré-natal.
– O que pode ser incluído:
– Ultrassom de crescimento e doppler 2 a 4 semanas após a infecção em casos moderados a graves.
– Perfil biofísico fetal e cardiotocografia se houver redução de movimentos ou fatores de risco.
– Avaliação de pressão arterial, proteinúria e sinais de pré-eclâmpsia nas consultas seguintes.
– Sinais de bem-estar fetal:
– Movimentos regulares ao longo do dia (a partir de 28 semanas, faça contagem diária; procure assistência se notar queda acentuada).
– Ganho de peso e altura uterina compatíveis com a idade gestacional.
O objetivo é garantir que a covid gravidez não deixe impactos silenciosos. Ajustes simples no acompanhamento trazem segurança para a mãe e o bebê.
Parto, puerpério e amamentação após COVID-19
A via de parto raramente muda por causa da infecção. O que muda é o timing se houver piora materna, sofrimento fetal ou necessidade de intervenções que tornem mais seguro antecipar o nascimento.
Via de parto e timing
Na ausência de complicações, a infecção ativa não é indicação automática de cesariana. Decisões são individualizadas, considerando evolução materna, condições fetais e idade gestacional.
– Cenários comuns:
– Quadro leve e estável: manter plano de parto, com medidas de proteção para equipe e acompanhante.
– Quadro moderado com necessidade de oxigênio: avaliação hospitalar contínua; se gestação a termo e mãe não melhora, antecipar pode ser benéfico.
– Quadro grave: parto pode ser indicado para ajudar na ventilação materna e reduzir demandas metabólicas, sempre ponderando riscos.
Para analgesia, a anestesia peridural é segura. Equipes utilizam EPIs e protocolos de isolamento respiratório quando a infecção ainda está ativa.
Amamentação e cuidados com o recém-nascido
O leite materno continua sendo recomendado. Benefícios nutricionais e imunológicos superam potenciais riscos, desde que sejam mantidos cuidados para reduzir transmissão por gotículas.
– Recomendações práticas:
– Higienize as mãos antes de cada mamada.
– Use máscara durante a amamentação se estiver com sintomas respiratórios.
– Se estiver muito debilitada, ordenhe o leite e peça que um cuidador saudável ofereça ao bebê.
– Mantenha o berço próximo, mas evite espirrar/tossir sem proteção próxima ao recém-nascido.
A transmissão vertical (da mãe para o bebê durante a gestação) é rara, mas possível; o acompanhamento pediátrico após o parto ajuda a identificar e manejar precocemente qualquer intercorrência.
Plano de ação prático para os próximos meses
Ter um roteiro claro diminui ansiedade e aumenta a segurança. Use este checklist como guia para conversar com seu obstetra e adaptar à sua realidade.
Checklist de prevenção e cuidado
– Vacinação: verifique se seu esquema e o reforço mais recente estão atualizados.
– Consultas: mantenha o calendário do pré-natal; use máscara PFF2 em serviços de saúde lotados.
– Trabalho: ajuste jornadas e ambientes para reduzir exposição em períodos de alta circulação.
– Casa: privilegie ambientes ventilados e higiene das mãos para todos os moradores.
– Contatos: reorganize visitas e eventos; opte por encontros ao ar livre ou videochamadas quando possível.
– Kit de monitorização: termômetro, oxímetro, paracetamol conforme prescrição, solução salina nasal, máscaras PFF2 e álcool 70%.
Se testar positivo: primeiros passos
– Contate seu obstetra no mesmo dia para definir conduta.
– Inicie isolamento domiciliar conforme orientação local, mantendo hidratação e repouso.
– Avalie elegibilidade para antivirais nas primeiras 5 dias de sintomas.
– Meça saturação 2–3 vezes ao dia; busque atendimento se <95% ou se houver piora clínica.
– Observe movimentos fetais; se diminuírem, vá à maternidade.
– Agende, após recuperação, avaliação de crescimento fetal se indicado.
Esse plano simples cobre o essencial para atravessar a covid gravidez com segurança e previsibilidade.
Perguntas frequentes em 2025
A informação muda, mas os princípios de segurança permanecem. Responder às dúvidas mais comuns ajuda a tomar decisões com calma.
É seguro receber visita de familiares em casa?
Sim, desde que todos estejam assintomáticos, vacinados e o encontro seja breve, em local ventilado. Em períodos de pico de casos, reduza visitas presenciais e priorize chamadas de vídeo. Pessoas com sintomas respiratórios não devem visitar gestantes.
Posso viajar?
Viagens curtas de carro em períodos de baixa circulação são mais seguras do que voos longos e cheios. Se precisar voar, use PFF2, escolha assentos próximos à janela e minimize o tempo em filas. Consulte seu obstetra, especialmente no terceiro trimestre ou se tiver fatores de risco.
Preciso de exames extras após me recuperar?
Em quadros leves sem comorbidades, o pré-natal pode seguir como planejado. Se os sintomas foram moderados a graves, seu obstetra pode solicitar ultrassom de crescimento, doppler e avaliação do bem-estar fetal algumas semanas após a recuperação. Pressão arterial e sinais de pré-eclâmpsia devem ser reavaliados.
Devo mudar a via de parto por ter tido COVID-19?
Não. A via de parto se baseia em critérios obstétricos. A infecção, por si só, não indica cesariana. O que pode mudar é o momento do parto se houver piora clínica materna ou comprometimento fetal.
O bebê precisa de cuidados especiais se eu tive COVID-19?
A maioria dos recém-nascidos evolui bem. O pediatra avaliará sinais vitais, alimentação e ganho de peso. Orienta-se monitoramento em casa e retorno se houver febre, prostração, dificuldade respiratória ou baixa sucção.
Como reduzir a ansiedade e fortalecer o vínculo com o pré-natal
Informação clara e um time de confiança fazem diferença. A ansiedade em torno da covid gravidez diminui quando existe um plano, profissionais acessíveis e espaços para tirar dúvidas.
– Estratégias de bem-estar:
– Programe pequenas metas semanais de cuidado (vacina, exercícios leves, sono, alimentação).
– Pratique exercícios de respiração e alongamento orientados para gestantes.
– Participe de grupos de apoio (online ou presenciais) moderados por profissionais.
– Crie um diário de sintomas e dúvidas para levar às consultas.
– Alinhe com seu acompanhante papéis e contatos em caso de sinais de alerta.
Seu obstetra é o melhor ponto de referência. Traga perguntas, preferências e preocupações para construir um plano de parto e de cuidados ajustado à sua realidade.
O essencial para levar consigo
Em 2025, estamos melhor equipados para proteger a saúde da gestante e do bebê. Sabemos que a maioria dos casos é leve, que o terceiro trimestre concentra as complicações e que fatores como hipertensão, diabetes e obesidade exigem mais vigilância. Vacinas atualizadas, máscaras em contextos de maior risco, testagem no timing correto (PCR a partir do terceiro dia de sintomas) e tratamento precoce quando indicado são o coração da estratégia.
Mantenha um canal aberto com sua equipe, ajuste o pré-natal conforme a evolução e use o checklist para decisões do dia a dia. Se você quer um plano personalizado para sua fase da gestação, agende uma conversa com seu obstetra ainda esta semana e reforce sua rede de apoio. Informação e ação coordenada são o caminho para atravessar a covid gravidez com segurança, serenidade e protagonismo.
Juliana Amato, ginecologista e obstetra, discute a relação entre coronavírus e gravidez, destacando que gestantes estão no grupo de risco para COVID-19. Estudos recentes indicam que a maioria das gestantes apresenta sintomas leves a moderados e não requer internação, mas infecções no último trimestre podem resultar em complicações graves, como parto prematuro. Ela enfatiza a importância de cuidados, como uso de máscara, higienização das mãos e evitar aglomerações. Em caso de infecção, a atenção no pré-natal deve ser redobrada, e exames específicos podem ser necessários. A transmissão do vírus para o bebê é possível, mas não completamente compreendida. O diagnóstico é feito por PCR a partir do terceiro dia de sintomas. A mortalidade é maior no terceiro trimestre, especialmente em mulheres com condições pré-existentes. Juliana recomenda que gestantes redobrem os cuidados para proteger a saúde.