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Desvendando a Infertilidade: Insights de Especialistas no ‘Gente que Fala’

Para quem não viu ao vivo no programa “Gente que fala”, os melhores momentos da entrevista selecionados no vídeo abaixo.

Entrevista sobre reprodução humana

Veja a entrevista completa aqui

Apresentador: Amigos, bem-vindos ao “gente que fala” ao vivo, de meio dia a uma, pela radio Trianon Am 740 São Paulo, Rádio Universal 810 Santos, Audivi, www.audivi.com.br, com reapresentação seis horas da tarde. Estamos também na TV Guarulhos, canal 20 UHF, canal 3 da NET em Guarulhos, 11 e meia da noite. Acesse o nosso blog, conheça nossos colunistas e colaboradores, gentequefala.com.br, nossa Fan Page, Facebook/programagentequefala. WhatsApp a sua disposição, 974012235. Chat no site da Auditi, você pode participar ainda pelo fone 50526622. Participando desta edição de gente que fala, ginecologista Juliana Amato. Prazer tê-la aqui, Juliana.

Dra. Juliana Amato: Prazer.

Apresentador: Eu preciso que você fique bem pertinho do microfone, ok? Sua especialidade é fertilidade e reprodução assistida, correto?

Dra. Juliana Amato: Sim, correto.

Apresentador: Também conosco, o cirurgião vascular, Dr. Álvaro. Doutora Juliana, a infertilidade continua a ser um problema que as pessoas ainda absorvem com muita intensidade?

Dra. Juliana Amato: Sim, com certeza. A infertilidade é um problema atualmente. Os casais, eles desejam ter filhos mais tarde, principalmente a mulher, que entrando no mercado de trabalho, ela quer se especializar mais. As opções de trabalho para ela são melhores. Então essa maternidade vai ficando mais para frente. Então hoje, os casais, eles tendem a querer engravidar depois dos 32, 33 anos. E aí alguns problemas já começam a surgir, já começa a ficar mais difícil.

Apresentador: Vai adiando o projeto dos filhos, não é, a programação de ter filhos.

Dra. Juliana Amato: Sim. O mercado de trabalho, a mulher não quer engravidar com 25, 27 anos, como era antigamente. Ela quer se manter no mercado de trabalho, ganhar seu espaço, ter seu dinheiro para fazer suas coisas, viajar, conhecer o mundo, se especializar, fazer mestrado, doutorado.

Apresentador: Existe uma idade limite?

Dra. Juliana Amato: Então, com 35 anos, a fertilidade da mulher, ela já começa a decair. Então a idade da mulher, é um fator muito definitivo na  saúde feminina, na saúde reprodutiva. Então, não é que não vai engravidar depois dos 35, mas é que as chances diminuem.

Apresentador: E as técnicas diferentes, controle de ovulação, inseminação?

Dra. Juliana Amato: Então, essas técnicas, existem algumas técnicas de reprodução assistida. Tudo tem que ser individualizado para cada caso. Existe ainda a indução da ovulação, a indução da ovulação é para um casal que não tem nenhum problema aparente, mas tem essa dificuldade para engravidar. Então você induz a ovulação com medicações, faz um controle ultrassonográfico, e a partir do momento que ela está ovulando, orienta a ter relações em casa. Essa indução da ovulação. A inseminação artificial, ela é já quando você induz a ovulação dessa paciente, e você pega o sêmen do marido, e coloca lá dentro do útero da mulher, quando ela está ovulando. Então você quebra a parte do colo do útero, você já coloca lá o sêmen lá dentro, para aumentar um pouquinho a chance. E a fertilização in vitro, é quando… é o bebe de proveta, não é, o famoso bebe de proveta, é quando você induz a ovulação, essa paciente ela não tem a passagem dos óvulos para o útero, porque ela pode ter uma obstrução lombar, ela pode ter uma endometriose, alguma coisa que dificulte, e a gente retira esses óvulos do ovário dela, fertiliza com o sêmen do marido em laboratório, e a gente coloca o embrião já pronto dentro do útero desse paciente, para aumentar a chance de gravidez desse casal.

Apresentador: Injeção intracitoplasmática?

Dra. Juliana Amato: A Injeção intracitoplasmática, é uma técnica dentro da fertilização in vitro. Quando o marido, quando o homem tem algum problema no espermatozoide dele, a gente pega esse sêmen, escolhe os melhores espermatozoides e coloca esse espermatozoide dentro do ovulo da mulher. Então injeta lá dentro do ovulo.

Apresentador: Senhora disse que cada caso, é um caso.

Dra. Juliana Amato: Sim.

Apresentador: Não são soluções comuns, para a mesma situação. Que a situação é a mesma, não é?

Dra. Juliana Amato: É, a situação é a mesma. Mas chega paciente no consultório que fala assim: olha, eu vim aqui para fazer uma inseminação artificial, só que pensando em ser uma fertilização in vitro. Então tem muita duvida nos tipos de tratamentos de reprodução, e o que é mais indicado para cada caso.

Apresentador: Pois não.

Dra. Gabriela: Eu queria fazer um adendo. É que agora, na verdade na ultima vez que eu vim aqui, a gente já conversou sobre esse assunto, que a gente está tendo bastante êxito no Tribunal de Justiça, para o plano de saúde custear a fertilização in vitro. 

Dra. Juliana Amato: É, porque é um problema de saúde.

Dra. Gabriela: Exatamente. Tem um caso especifico até, que era assim: o plano cobriu todo o tratamento de endometriose dela, fez toda a parte do tratamento em si. E o medico disse: não é questão que a gravidez vai curar a endometriose dela, mas vai estancar por um momento, e depois da gravidez, obvio que volta, mas volta até de um nível menor. Então ele linkou essa parte, não é, então você vai dar continuidade nesse tratamento. Além disso, a lei dos planos de saúde, diz o direito da mulher constituir família. Então nem quando não existe essa parte de endometriose, algum problema de saúde, existe só o fato da mulher ter o direito de constituir família. E muitos planos de saúde, excluem inseminação artificial, e não excluem fertilização in vitro. E já o Superior Tribunal de Justiça, já deu uma noticia da diferença entre a inseminação, e a fertilização, junto com uma clinica especializada. Então os planos de saúde, eles não atualizam, apesar deles atualizarem a mensalidade anualmente, eles não atualizam o contrato.

Apresentador: Tem que ser para os dois lados.

Dra. Gabriela: Então, eles não atualizam o contrato. Então como eles não excluem, o Tribunal de Justiça está dando ganho de causa para essas mulheres.

Apresentador: Mas Dra. Gabriela, dizer, todos tem direito a constituir família, é um universo muito amplo, não é? Da margem a…

Dra. Gabriela: Assim, a questão que eu digo é assim… a pessoa que não consegue naturalmente…

Apresentador: O que a Dra. Juliana fala em fazer uma fertilização, vamos usar esse termo, não é, e aí todo mundo tem direito a constituir família, é muito vago.

Dra. Gabriela: É vago, mas por isso que a gente destaca, nessas hipóteses de quando não consegue naturalmente.

Apresentador: Pois não.

Dra. Juliana Amato: Mas todo mundo tem direito, não é, quem quer, independente…

Apresentador: Não, não. Eu só quero entender essa parte do… como é que pode, não é.

Dra. Gabriela: É, muita coisa genérica, todo mundo tem direito a educação, a saúde, a constituir família.

Apresentador: É que as leis são tão genéricas, que são feitas para não resolver os problemas.

Dra. Gabriela: Exto.

Apresentador: Então quando a Dra. Juliana está detalhando métodos que existem, aí todo mundo tem direito. É muito vago, e não há uma solução, não apresenta uma solução, sabe? Então precisam mandar a Dra. Gabriela, para me ajudar realmente.

Dra. Gabriela: É por isso que a gente utiliza desse artigo de lei, quando se destaca essa parte assim: ela não consegue de forma natural, e ela não tem condições financeiras. E o plano de saúde não exclui esse tratamento. Então por que não? Tem muitos planos que excluem, muitos, muitos mesmo. Mas tem alguns que não falam nada. Então, e como a infertilidade não deixa de ser uma doença, é um problema, o plano de saúde, ele está ali pra… mensalmente a pessoa contribui, para quando ela precisar, ela ter esse retorno.

Apresentador: Infertilidade não pode ser encarada como uma doença?

Dra. Juliana Amato: Sim, é uma doença. É uma doença, porque ela tem algum problema, essa paciente, ou marido, ou casal…

Apresentador: É que eu estou usando esse termo, que a Gabriela se referiu a problema, e não doença.

Dra. Juliana Amato: Isso. Então, alguma doença, uma endometriose, aí já é bem especifico. O homem pode ter uma esospermia, por alguma doença que ele teve na infância, e aí é um caso de saúde mesmo não é?

Dr. Alvaro Pereira: É uma incapacitação.

Dra. Juliana Amato: É uma incapacitação.

Dr. Alvaro Pereira: Todas as incapacitações, a medicina considera como uma limitação. E se ele é limitado, ele merece ser ajudado. Se o sujeito mexe menos a mão, ele vai em vários tratamentos, vai fazer uma cirurgia para que melhore o movimento. Ninguém morre porque o polegar não mexe totalmente. Mas você vai ajudar tudo o que puder, para que ele mexa o máximo possível. Se a mulher não engravida, ela tem uma limitação, acho que ela merece. Merece ser ajudada, precisa, não é?

Dra. Juliana Amato: As vezes o problema não é dela, é do marido, o casal.

Dr. Alvaro Pereira: Pois é, ou ela, ou marido.

Dra. Marta: Eu também gostaria de comentar, que nos casos das parcerias discordantes, não é, quando você tem uma mulher que é soropositiva, não é, portadora do vírus HVI, o homem não, e eles se casam, enfim, formam uma parceria, eles tem direito a ter filhos. E aí nesse caso, o SUS garante também a reprodução assistida, para que essa criança não nasça com o vírus HIV. A gente tem vários casos de sucesso, eu conheço, tenho amigos, não é, que se casaram, tiveram filhos, não é, e garantido pelo SUS. Porque aí, a questão é outra. É impedir a transmissão do vírus HIV, não é, e é a qualidade de vida, e é o direito à saúde, e a constituir família, não é. Isso é muito legal, não é?

Dra. Gabriela: Eu me enquadro na historia que ela iniciou, falando das mulheres hoje em dia estão postergando a gravidez, e tudo mais. Eu, se eu pudesse, esperar até o 40, eu esperaria. Mas assim, existem exames que você pode descobrir, por exemplo, se você tem endometriose, se você tem trompas obstruídas, se o homem tem algum problema, porque o que eu fico na dúvida as vezes assim: como eu tenho bastante cliente nessa situação, as vezes eu falo: de repente, eu estou postergando, e eu tenho algum problema. E aí eu até conversei com a medica, mas assim, ela disse que eu tinha que procurar um medico especialista nisso, para descobrir se eu tenho endometriose, ou alguma coisa nesse tipo. Existe?

Dra. Juliana Amato: Existe uma “screen” que a gente faz vários exames hormonais, de imagem, para saber como está a saúde em relação A fertilidade da mulher, e do homem também, espermograma para o home. E aí se não quiser ter filho com 30, 33, 35, estar postergando, pela vida, pela vida moderna de hoje em dia, tem a possibilidade de preservar ovulo, não é.

Apresentador: Álvaro Pereira, antes que eu pergunte a você sobre esses kits, Dra. Juliana, quem tem mais problemas de infertilidade, o homem ou a mulher? Pergunta Jair, da Vila Sonia.

Dra. Juliana Amato: Por incrível que pareça, 40% das causas é do homem, e 40% é da mulher.

Apresentador: Não, tá errado.

Dra. Juliana Amato: Aí tem as causas inaparentes…

Apresentador: Homem não admite isso.

Dra. Juliana Amato: Eu sei, é difícil. Quando vai casal, é complicado para homem, não é, nunca o problema é dele. Mas também tem.

Apresentador: A mulher procura a Dra. Juliana, e aí a Dra. Juliana faz o diagnostico de que o problema não está com a mulher, está com o homem.

Dra. Juliana Amato: Eu já peço o exame do homem também, e se tem alguma coisa mais grave que eu não consiga resolver, vai para o urologista.

Apresentador: Eu não vou contar detalhes para a senhora, mas no Brasil, homem admite que o problema é dele?

Dra. Juliana Amato: É difícil. Alguns sim, mas…

Apresentador: Não precisa falar mais nada. É difícil, é ótimo, é difícil….

Dra. Marta: Com certeza. A gente trabalha com saúde do homem, e esse é um dos grandes problemas, não é? A gente brinca que o homem vai para o pronto socorro, não é, ele não vai para a atenção básica. E isso se dá também nas questões ligadas a fertilidade, obviamente.

Apresentador: Tem um… eu faço sempre, eu destaco sempre, as mulheres, quando os colegas que vem aqui, os colegas de vocês que vem, tem um marco, não é? A primeira menstruação, a mãe já leva a criança para fazer a sua primeira consulta, tal. O homem, não é, aí…

Dra. Marta: Ele vai para o pediatra, e depois para o geriatra.

Apresentador: É exatamente isso. Doutora Juliana, Eliz pergunta se existe algum exame que possa medir a fertilidade feminina?

Dra. Juliana Amato: Sim, existe. Existem exames hormonais, existe exames de imagem, existe sim.

Apresentador: Ok. Dra. Juliana, uma ultima pergunta de Adriana. Para que serve congelamento de ovulo, para deixar a gravidez para mais tarde?

Dra. Juliana Amato: Sim. O congelamento de ovulo, a gente congela os óvulos dessa paciente, para quando ela quiser engravidar, descongelar e fazer uma fertilização in vitro. Então se a paciente tem 35, 38 anos, e quiser engravidar lá para os 42, ou mais, ela tem aqueles óvulos congelados na idade de 35, 38 anos. Então ela pode postergar para mais tarde.

Apresentador: E a Sara pergunta se o tratamento para infertilidade é garantido?

Dra. Juliana Amato: Não, não é garantido.

Dr. Alvaro Pereira: Muito obrigado, para mim foi um grande prazer vir aqui.

Apresentador: Marta Mabriton, aprendeu o novo endereço, que retorne outras vezes.

Dra. Marta: Eu que agradeço também.

Apresentador: Da mesma forma, Juliana Amato, é a primeira vez, que retorne tá?

Dra. Juliana Amato: Sim.

Apresentador: Gabriela.

Dra. Gabriela: Muito obrigada, foi um prazer esse nosso bate-papo do dia.

Apresentador: Gabriela Guerra, que já esteve outras vezes, retorne outras, outras…

Dra. Gabriela: Voltarei.

Apresentador: Gente que fala tem a direção geral do jornalista Fausto Camunha, diretor de produção Zenilda Salvato. Redação Raela Brandão, Pedro Schiavon. Na pauta, José Carlos Cicareli. Produção Cultural, Ricardo Godoi. Na radio Trianon, Bene, Cléo Rodrigues, Neildo Nelis, Ricardo Valina. Na direção da Audivi, Ricardo Ruchetti, na técnica James Eduardo, Marcelo Fonta, Sergio Oliveira e Thiago Matsumoto. Estaremos de volta amanhã, ao meio dia. Gratos, até lá.

Dra. Juliana Amato

Dra. Juliana Amato

Líder da equipe de Reprodução Humana do Fertilidade.org Médica Colaboradora de Infertilidade e Reprodução Humana pela USP (Universidade de São Paulo). Pós-graduado Lato Sensu em “Infertilidade Conjugal e Reprodução Assistida” pela Faculdade Nossa Cidade e Projeto Alfa. Master em Infertilidade Conjugal e Reprodução Assistida pela Sociedade Paulista de Medicina Reprodutiva. Titulo de especialista pela FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e APM (Associação Paulista de Medicina).

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